Sonhos de quatro patas....

A origem de nossa família desde nossos antepassados, sempre esteve ligada a terra e a criação de animais.

O canil Omniarquia situa-se em nossa propriedade rural denominada: Fazenda Maringá.

     A origem da Fazenda Maringá faz parte da saga de meu trizavô Manoel Rodrigues Simões (1842-1914), mineiro de Pouso Alegre. Nos idos de 1880 achava-se ele em sua Fazenda Saltinho, em São Manoel do Paraízo, quando recebeu a visita daquele homem cuja vida, há pouco, havia salvado. O estranho viera agradecer o favor e, junto à gratidão, trazia a oferta da venda de sua gleba: o Vale do Rio Cervo. Fora bem ali, a 250 km de Barra Bonita, descendo rio abaixo de varejão, à margem esquerda do rio Tietê, no trecho conhecido como rio morto, que Manoel Rodrigues encontrou o desconhecido agonizando de malária. E foi desse modo singular que a gleba do Cervão fora adquirida, ao preço combinado de uma mula, uma espingarda La Porte e um conto de réis.

        Manoel Rodrigues Simões morreu na cidade de São Paulo, sete dias após completar 72 anos, no dia 31 de julho de 1914. Ironicamente, desta vez, a malária, que lhe havia trazido aquela oportunidade, agora lhe cobraria a própria vida.

             Nos anos setenta, navegando nas águas do Zebu, meu tioavô Fausto Simões começou a selecionar nelore padrão na Fazenda Santa Virgínia, em Cafelândia. Na época ele já era um dedicado criador de cavalos mangalarga. Engenheiro, abandonou a profissão para cuidar melhor das fazendas de seu pai, Dr. Agenor Simões. Apaixonado por cavalos, dedicou a vida toda ao seu aprimoramento. Nas pistas conquistou os mais elevados prêmios. Fora delas, dava palestras e escreveu um dos poucos livros brasileiros sobre equinocultura: “Mangalarga, o Cavalo de Sela Brasileiro”.  Foi presidente da ABCCRM, e dela recebeu a justa homenagem de ter o seu nome dado ao pavilhão da Associação no Parque da Água Branca.

Manoel Rodrigues Simões, já adulto e apaixonado por animais, mantinha em sua fazenda Saltinho uma matinha de cães veadeiros a qual ele dava o nome de Venatório (do deus da caça Venatus). Teve no casamento 16 filhos. Um deles, meu tataravô Cel. Amando Simões, foi grande cafeicultor. Nos anos 30, com a queda da bolsa de Nova York e a moratória da cafeicultura nacional, se envolveu profundamente na luta pela renegociação da dívida impagável dos cafeicultores. Na década de 40 selecionava gir, guzerá, indubrasil e nelore. Meu tio Fausto Simões, também manteve uma matilha de uns 30 cachorros americanos veadeiros que comiam angu, todos juntos, num enorme tacho de cobre, na maior algazarra.

Meu Pai Marcelo Simões Nunes, segue até hoje os honrados passos de nossos ancestrais trabalhando muito como criador de Nelore Mocho PO.

Apaixonado pela Cinofilia desde minha infância sempre convivi com cães, lembro que minha avó (Zeilah Simões) criava cães Pointer ingleses, os populares perdigueiros, quando a caça era liberada aqui na região, sempre juntavam-se amigos caçadores de minha família para as caçadas de codorna, que terminavam em um grande almoço familiar, já tive cães perdigueiros que marcaram muito minha vida, especialmente um cão chamado “Faro-fino”, nós o chamavamos apenas de “Faro” esse cão realmente marcou muito a vida de toda família, nós o recuperamos de várias mazelas que sofreu durante sua existência, era um caçador implacável de porcos e codornas, em uma festa aqui na fazenda por descuido soltaram fogos de artifício perto da baia que “Faro” ficava quando era ainda filhote, isso gerou um imenso trauma no cachorro, mas sua vontade de caçar era tanta que ele superou totalmente esse trauma em prol de suas caçadas, certa vez, em uma de suas caçadas ele seguia freneticamente uma porca do mato que desesperada se lançou de um precipicio, ele se jogou sem exitar atras da porca, nunca tinha visto uma cena canina de tanta ousadia e coragem, isso marcou muito minha infância.

 Já tive rottweilers e várias outras raças de cães além dos famosos cães sem raça definida, mas sem dúvida meu pai foi a grande influência para eu conhecer e ser criador da raça Dobermann, ele sempre contava de um Dobermann que teve quando era mais jovem, provavelmente um verdadeiro Dobermann dos anos 70, eu sempre ouvia sua conversa muito entusiasmado até adquirir nosso primeiro Dobb e ter uma paixão fanática pela raça.  Após esse momento comecei a cada vez mais a estar envolvindo com tudo que cerca a cinofilia em termos de adestramento e cães de trabalho e esporte. Os Malinois vieram complementar esta paixão. Vivemos todos os dias pela nossa matilha.

Eu sempre achei que como treinador iria conseguir aperfeiçoar o temperamento de meus cães e torna-los mais aptos para a sua função, mas percebo a cada dia que são eles que realmente mudaram minha vida,  isso sempre terá um imenso valor em minha alma.